A Cruz do Patrão consiste em uma coluna de alvenaria, com mais ou menos seis metros de altura e que tem no seu topo uma cruz de pedra, e é um monumento histórico que remete ao século XVII. A cruz era utilizada como sinaleira para navios que precisavam atracar no istmo entre Recife e Olinda. O nome do local se refere ao marco que orientava o patrão da embarcação no canal de acesso do ancoradouro interno do Porto do Recife. “Patrão da embarcação” era um termo náutico para designar o chefe da guarnição de um barco pequeno. Hoje como não existe mais o istmo, a cruz fica situada à beira do cais do Recife, a margem esquerda do rio Beberibe, por trás do depósito que pertence às companhias de Petróleo nas imediações do Terminal Açucareiro – IAA.
É um importante marco da memória da escravidão e da cultura negra no Recife, pois segundo Gilberto Freyre, “a cruz do patrão foi o lugar onde os negros e negras se reuniam para realizar os catimbós, em tempos coloniais”. Talvez por isso, contemporaneamente o local, onde a referida cruz está situada, é considerado um dos lugares assombrados do Recife. Mas existem outros motivos, pois há narrativas que afirmam que nas imediações da Cruz do Patrão ficava um imenso areal onde, dizia-se, os negros que morriam pagãos tinham sepultura. Apesar dessas narrativas, de que no arredores da Cruz do Patrão eram enterrados escravos, nenhuma pesquisa até o momento comprovou que de fato ali existiu um cemitério.
Ainda hoje, a Cruz do Patrão é local onde os fieis das religiões de matriz africana usam para depositar oferendas aos orixás ou aos mestres da jurema.
Referências
FREYRE, Gilberto. Guia prático, histórico e sentimental da cidade do Recife. Rio de Janeiro: José Olympio, 1942.
PESSIS, Anne-Marie, et al. “Evidências de um cemitério de época colonial no Pilar, Bairro do Recife, PE.” Clio: Série Arquelógica, Recife, 28 (2013): 1-27.